terça-feira, 7 de outubro de 2014

Amor ou ilusão?

Às vezes parece amor, mas é só ilusão.
Mas quem está iludindo quem?

Em teoria,  sabemos distinguir entre o amor verdadeiro e as ilusões.
Depois que o tempo passa, a gente também consegue perceber melhor se foi amor mesmo ou não. Mas enquanto estamos no meio da situação,  já é mais difícil. É preciso conhecer um pouco os truques da ilusão e as mutretas da vida para não se enganar.  A palavra amor é usada em muitos sentidos e isso gera algumas confusões. Mas o problema mesmo está na interpretação dos sentimentos que temos, ao dizer que amamos ou ao ouvir que nos amam. A ilusão acontece nesse passo d3 interpretação e comunicação. Por que será?
Em geral, entendemos que o amor verdadeiro seja sincero,  durável,  respeitoso,  construtivo. O contrário do amor é usar as pessoas; e o que ilude é quando isto é feito de modo disfarçado.
Quando cai a máscara,  então pagamos o preço da ilusão.
Fica tudo mais amargo quando fomos enganados de propósito. A dificuldade é que muitas vezes a gente ilude os outros ou se ilude, sem ter uma consciência clara disso. Aqui entra o desafio de conhecer as artimanhas que fazem o amor ser ilusão.
Uma chave para entrar nesse quarto escuro está no chaveiro dos desejos. Nosso desejo é seletivo: tem um ponto de interesse que atrai,  dentro de um conjunto maior. Esse conjunto, que pode ser uma pessoa,  só interessa enquanto serve para obter o que se deseja. Chegando ao ponto, o resto é resto. É assim que muitas pessoas são passadas para trás quando alguém chega ao ponto que queria.  Na verdade, não são passadas para trás,  pois nunca estiveram na frente. O que parecia amor era uma jogada,  nem sempre consciente,  para se conseguir o objetivo do desejo. Olhe só quando predominam interesses econômicos,  interesses de auto promoção,  interesses sexuais. As pessoas parecem amadas, até ficar claro o quanto são apenas instrumentos de transição.  O esquema é este, mas a sorte é que existem formas intermediárias,  pois não somos tão radicais para desejar sempre desse modo. Outra chave prática é saber que os desejos têm estímulos muitas vezes ocultos. Por exemplo, os hormônios interferem no desejo sexual; as propagandas puxam o desejo pelos bens de consumo; a opinião dos outros provoca o cultivo de nossa auto imagem.  Então,  vira uma corrente: o estímulo provoca o desejo; seleciona o ponto de interesse;  e a pessoa fica animada para obter o desejado.  O jeito amigável,  que parece amor, é uma das formas de conquistar o que se deseja; outro jeito seria pela violência.  Mas nesse ponto ambos fazem parte do mesmo processo de conquista. Assim, às vezes fica parecendo que o amor e violência se misturam.  O ciúme mostra bem isso: na insegurança ou medo de perder a pessoa ou a coisa desejada,  aparece a violência "por amor".
Quando bate o fogo do desejo, é difícil pensar em motivos e estímulos. Mas ajuda se fortalecermos uma consciência mais clara a esse respeito.  Pois fica mais fácil entender os sentimentos da gente e dos outros; e não botar tudo na conta do amor. No fundo,  desejamos porque somos incompletos,  eos desejos são como molas que nos impulsionam para a auto realização.  Então,  é indispensável desejar e ter interesses.  O desafio do amor é somar nossos desejos e interesses com o bem dos outros. Nem tudo é claro nesse jogo, e muitas vezes a gente se ilude. Mas um pouco de ilusão também faz bem para a  saúde.  Com moderação.

Fonte: Revista de Aparecida,  coluna do Pe. Márcio Fabri dos Anjos, C.ss.R.

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